sexta-feira, 12 de junho de 2009

Primeiro, os sentimentos.
Depois, as pessoas.
Em geral, é assim que eu vejo a vida.
Ou, pelo menos, é o que eu tento.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Outono.

Estou sob um céu de chumbo que anuncia tempestade. Um pequeno fio de vento gélido toca minhas maçãs do rosto que agora estão rosa. Finalmente uma estação propícia para tomar um bom gole de café, enquanto eu fico aqui pensando em qualquer coisa. Nada importa, meu amor foi todo incorporado neste momento intimo, neste pequeno momento que eu tenho para mim. Como eu amo o frio! Minhas meias sobem até o tornozelo, esta calça velha de algodão esquenta ao mesmo tempo que continua me deixando com frio, este moletom infantil... Estou um trapo, mas nunca fui um trapo tão macio!
Amanhã tem aula, uma das partes ruins do frio é ter que acordar pela manhã, com os pés implorando meias e nosso corpo estremecido e arrepiado, tomar banho no inverno é cinco vezes mais árduo, colocando no máximo e deixando a pele ficar extremamente vermelha e próxima da carne. Esfregar as mãos e talvez observar as pessoas cansadas de não fazerem nada. Os pássaros já não cantam, não há tantas conversas atropeladas na sala, e não há tanta pressa como nos dias de verão. Sempre há café sendo preparado no bule, e planos para a noite. Frio trás a calma, frio trás o amor, frio... Frio trás as sensações mais extravagantes e extremas. O frio penetra.

sexta-feira, 27 de março de 2009

She.

Parecíamos dois corpos quaisquer jogados num canto daquela parede bege desbotada. Conversando sem palavras, olhávamos discretamente pelo canto dos olhos como se fosse pela certeza que realmente estávamos ali, aquele amor lésbico já estava me deixando efusiva. Molhamos a boca um pouco, era um tanto capenga. Tragamos o ar sutil com tanta impaciência que nossos pulmões já estavam fartos, o ralo fiapo de toques que exaltava de nós deixava tudo muito precipitado, há quem diga que parecia algo evidentemente errado. O sinal tocou, ensurdecendo nossos ouvidos, levantamos com medo, uma rápida despedida, e cada uma seguiu para um lado, devaneando aquele momento tão reservado.
E o pior de tudo, é que eu não a amava.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ele


Eu sou to tipo comum, traços simples com cores primárias. Sem ornamentos e nada grandioso, rebuscado.
E ele estava cansado desses meus trejeitos minimalistas Acho que ele queria algo escultural, monumental, um verdadeiro labirinto. Mas eu nunca fui isso. Ele me desvendava fácil demais, com aqueles olhos, e aquelas mãos que já conhecem tudo. Meus gestos pobres e desajeitados não foram capazes de fazê-lo ficar. Eu já sabia que ele estava só de passagem por minha vida, ele era grande demais para caber no pequeno espaço da minha cama. E mesmo assim quando ele derrubou aquela edificação fraca de um relacionamento básico eu tornei-me vulnerável.
É... O fardo que estamos condenados a carregar e viver. Eu nasci para viver, e vivo para perder. Tudo aquilo que é tirado da minha miniatura existência, de alguma forma me eleva e me preenche. Ele se foi.
Seus pensamentos sempre foram um grande mistério para mim, mas naquela tarde ele se deixou compreender muito fácil. Ele se tornou transparente. No fundo eu não queria que a partida dele me desestabilizasse, por isso meus olhos se esvaziaram em silêncio. Eu me tornei a solidão.

sábado, 7 de março de 2009

Cristalinos.

" E se fosse verdade? " Perguntou ele, olhando nítidamente para cima, tentando contar o azul nebulado.
" Se fosse verdade você teria que me matar " essas palavras soaram como um eco, não houve resposta, a verdade não necessita respostas. Ela é nua, crua, e só.
Mentiras andam acompanhadas em um emaranhado conjunto, mais mentiras desgustadas no fervor de sensações manipuladas que criam um rastro pelo corpo que está as usando.
Já a verdade, tem muitos sabores, ela se molda perfeitamente as situações. A verdade é impactante, a verdade muitas vezes dói no fundo d'alma. Um histórico repleto de lágrimas caídas em vão, em prol da transparencia. Ou a verdade pode ser como uma pluma, um delicado conforto indescritível, um alívio, um peso tirado... Tantas explicações, tantas teorias apontadas para algo tão comum e aparentemente fácil. Mas não é.
Mentiras e verdades nasceram juntas, cresceram juntas. Para cada verdade, existe uma mentira. Para cada mentira, existe uma verdade. Nós aprendemos a mentir, mas não a falar a verdade. Pois por mais que sua avó lhe obrigasse a contar aonde você havia escondido o botão de grená dela, você jamais, jamais aprendeu a dizer a verdadeira verdade pura e nítida aos ouvidos. Agora mentir... A mentira é um dom do humano, a mentira está estampada na cara de cada um, um por um... Grandes mentirosos é o que nós somos. Quem diria.
Mas é claro que isso depende da complexidade de cada um, existem pessoas que possuem uma caixinha de mentiras escondida na língua, outras não tem tanta facilidade em criar boas mentiras. E por mais que existam pessoas que acreditam serem pessoas honestas, pessoas que só usam verdades, nunca se deve acreditar. É só mais uma mentira.
Bem, encurtando todo meu blábláblá chato que você não deve estar dando a mínima, termino dizendo uma das poucas verdades que eu consigo dizer. Eu não amo você.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Selado.

Ele tinha um olhar fixo, aonde ela não sabia. Ela estava acomodada carinhosamente dentro de seus braços, se esquentado do vento gélido daquela estação. Ela pegou um livro e soltou-se dele por um instante, abrindo-o e recomeçando da onde havia terminado. Ele se espreguiçou como um gato que acaba de acordar e apoiou a cabeça no colo dela, suspirando e fechando os olhos. Depois desse movimento dele, ela não conseguiu mais ler nem uma frase se quer, observava-o de canto, como ela o achava lindo, como amava cada curvinha minúscula da sua grande face, e como esse amor era promíscuo, ele percebeu, abriu os olhos e a encarou. O coração dela disparou. Ele a chamou pelo olhar, ele ainda estava deitado, ela abaixou-se um pouco, colando seus lábios num gesto de amor, as línguas cruzavam-se freneticamente, roçando-se, esquentando-se. Seus lábios inferiores encaixavam-se perfeitamente devido as posições dos corpos. E por um momento, sentiu-se uma pausa no tempo, um estralo, um silencio absoluto. Eram só eles ali, os dois em um corpo só. A sede deles só aumentava a cada segundo que o beijo arrancava de suas bocas. E nesse meio tempo, que não havia tempo, nesse momento em conjunto que havia só uma pessoa, um selo foi colado, um selo de amor eterno, eterno... Profundo e intenso por quanto ele durasse. O beijo parou, mas não na mente deles. Ela olhou para ele, ela deitou ao lado dele. Eles se olharam, conversando sem palavras, ela mexeu os lábios se preparando para uma palavra gemida abafada, num movimento rápido, ele tapou sua boca com o dedo, e disse pelos dois, aquilo que não precisava ser dito para ser entendido.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Br.

Então, grande dia. O dia. Aquele dia. Primeiro dia. Aula! Começando bem, bato a cabeça na cabeceira, aposto que lhe deram este nome por causa disso. Acordar de manhã, escovar os dentes, pegar o transporte, chegar lá, dar uma olhada nas pessoas novas, sentar, olhar, olhar, olhar, olhar, escutar, escutar, escutar. Meus sentidos disponibilizados para acompanhar e seguir bem o andamento escolar estavam se espreguiçando cansados depois de adormecerem durante as minhas gloriosas férias.
E sim, eu pensei em você. Não o dia todo, tentei me concentrar... Consegui, tenho novos colegas, não importa. Como eu já sei, esse papo colegial me enche as cargas. Sem falar o frufru, cheiro de material novo, cadernos impecáveis que vão se desgastando num ritmo absurdo comparado ao dia em que chegaram virgenzinhos na carteira pela primeira vez. Doce frufru delicado. As caras de tacho das pessoas novas são... Inspiradoras. Eu segurei minha caneta pela ponta, tentando controlar meu sistema nervoso que puncionava gritando para escrever "eu te amo... [ ]" na borda da página, mas eu não podia... Não podia... Fiz. Arranquei a primeira página do meu frufru não tão delicado, e fui jogar na cesta, brincando de basquete, nem acertei.
Voltei com um tijolo na consciência, tinha jogado uma prova de amor no lixo, não acredito, como pode? Mas a coragem de levantar as nádegas daquela cadeira de madeira que incrivelmente estava enferrujada (madeira enferrujada existe sim!) foi maior do que meu ego clamando para não deixar apodrecer um mimo tão lindo de amor.
Pois então transcrevo aqui, o que está escrito lá, não nas estrelas, não no destino. Mas provavelmente no lixão... Eu te amo! HAHAHA ♥

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Contando os dias.

Pois é, terça-feria é realmente um dia triste. Meio nublado, aquela névoa fazendo a visão conturbada. Só não mais conturbada na mente desses mentirosos cristalinos. Bom, esse cricrilo não vem ao caso.
Estou chegando perto dos dias de sono não obstante, onde se chochila três vezes mais. Três, um tripé. Eu sei que não me esperam dias felizes, mas felizmente dias vulneráveis. E todo aquele blá blá blá colegial. Tênis branco, camisetas engomadas, cabelos alisados e cílios perfeitos. Quanta falsa alegria inventada.
Absurdo o peso que eles impõe colocarem nas costas. Tampe-me os ouvidos e olhos, assim consigo sair imune desse multirão de gente fresca. Mais uns dias, e a casa irá cair.
Conceitos caretas e boas palavras fornificando. É tudo como uma casca. O peteleco no lugar certo, e explode.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sem destinário.

Afaga-me na manta do teu olhar, proteja-me das ameaças... Roça tua pele na minha, tua pele suave, tua pele macia. Mas roça tua pele. Deixa teu cheiro entrar em minhas narinas, os deixa andarem por todo meu corpo, deixa teu cheiro ficar em mim... Cola teu corpo no meu, afinal ele já não me pertence, é seu, meu corpo minha alma, meu coração, são todos teus. Permita-me esbanjar deste calor. Tu sabes que minhas pequenas promessas serão todas realizadas. Só deixa-me provar desse amor mais uma vez, mais uma noite... Deixa-me provar por toda eternidade. Este musical em meus ouvidos está me endoidecendo, com tua presença aqui eu alcanço todos os extremos... Dou-te espaço, dou-te tempo, dou-te tudo... Só peço você em troca.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Se contradizendo.

Tenho uma ideia na cabeça que jamais irei tirar, tenho certeza que eu estou correta. Existe uma lei da natureza inevitável de ser notada. Não sei especificá-la corretamente... Talvez nem a note algumas vezes. Mas sei que ela está ali, presente dentro das convivências do nosso dia-a-dia. Vai dizer que você nunca sentiu um poder misterioso sobre você? Parece que quando tudo está a um palmo do perfeito, você cai do penhasco se embaraça nos galhos da dívida por ter tido aqueles míseros minutos de prazer. Quando você está amando, você não é amado. Quando você é amado, já está enclausurado em outro amor. Mas esse poder divino não se adapta sempre conosco, às vezes ele falha... Mas mais cedo ou mais tarde ele acaba voltando para atormentar-lhe a cabeça por mais umas noites. Ninguém pode negar, ninguém pode dizer que nunca aconteceu. Talvez possa ser pura coincidência do destino, mas poxa vida! Tantos azarados! Agora pare para pensar, você estaria satisfeito com uma vida normal? Se sim, vá embora você não está lendo o texto certo. Se não... Não há porque reclamar de sofrer, não há porque achar que é a pessoa mais infeliz do mundo. Acorde, viva. Aproveite o lado bom das más coisas. Mas nunca deixe de lutar pelos seus objetivos, são eles que vão te erguer num momento de fraqueza, são eles que irão fazer você pensar e tentar ir longe... Vá longe, ame, sofra, mas nunca deixe de querer viver, nunca.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Dialogando com o espelho.

Apelidam-me docemente com o nome “A garota comparação”. Minhas comparações são estranhas e realmente... Confusas. Mas não é isso que eu desejo contar. Na verdade o que eu desejo contar eu não posso. É um segredo que eu guardo no fundo da minha língua, atrás da minha alma, escondido dentro do meu coração. É um segredo que eu estou começando a descobrir e começando a tentar compartilhá-lo... Mas tentativas fracassadas fazem parte do meu histórico de vida, andar de bicicleta, nadar, bilhetes de amor, escapadas de casa... Tentativas não sucedidas para não minimizá-las ainda mais. Mas não sou uma pessoa fraca, não vivo de falsas promessas... Prometo para mim mesma arrancar de algum lugar de mim a força para não fracassar nessa nova tentativa, desta vez eu que vou sair com o sorriso estampado na cara. Tantas vezes fui a donzela em perigo esquecida, tantas vezes deixaram de lembrar que eu estava aqui, desta vez eu vou ser a autora, quem vai narrar sou eu.
Vou escrever algo inédito, irei escrever minha vida. Não... Não vou escrever minha vida, este é um livro onde as palavras são colocadas sem cuidado, com pressa desajeitadas furando a fila do próximo capítulo. Vou escrever então meus amigos... Mas não posso escrevê-los eu os escolho tão bem no escuro! Ah, já sei... Vou escrever então minhas paixões. Poxa, que graça teria? Escolher o tipo certo, o tipo ideal? Teria graça abrir meus olhos certa que naquele dia não teria conturbações, não teria um caos, um trânsito em movimento constante e indeciso em meu coração? Pois então não quero narrar nada! Deixe-me ser esquecida, deixe-me ter uma vida sem rumo, deixe-me ter amigos aleatórios, deixe-me ter um coração em erupção. Assim eu vivo, é assim que eu respiro, esse ar matinal gastado da ressaca do dia anterior, pronto pro porre da próxima. Seguirei a luz oblíqua do sol sem saber em que chão estou pisando, pode ser de cacos de vidros ou de pétalas de rosa, não sei. Estou pronta... Estou aqui clamando apenas pelos sabores da vida.



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Efeito colateral.

Sinto-me um quebra cabeça humano. Os pensamentos fluem em minha mente tão rápido que mal sinto a presença de alguns deles. Alguns são tão descartáveis, outros me corroem por dentro por não tem aonde guardá-los. Não tenho dormido direito, estou em uma insônia sem fim, um abismo de sonhos surreais. E agora? Meu coração palpita forte e rápido, minhas unhas já estão na carne, meu rosto está marcado com profundas olheiras, meus olhos ardem... E minhas bochechas descansam secas depois de tantas lágrimas por ela terem passado. E agora? Sentada na varanda foi tu que eu desejei, era tarde, não devia estar ali. Mas estava.
E nesses doces amargos desejos, eu me encontro em um jogo, sem vencedores, sem perdedores. Um jogo difícil e árduo de ser jogado. Um jogo que talvez eu não quisesse participar, mas eu não tinha como escolher. Era tarde.
Está parecendo uma perseguição, mas e se eu quiser ser encontrada? E se eu que estiver à procura de algo que eu nem tenho consciência que quero achar? Minhas dúvidas são constantes e irregulares. Aparecem novos medos, dúvidas temores a cada noite que eu passo sem sonhar. São horas e horas olhando para o nada pensando o que eu hei de fazer, ou melhor, eu não hei fazer nada, não tenho essas cartas na mão.
Só me resta sentar e esperar, enquanto um sentimento estranho e inovador me toma o corpo aos poucos... E agora?

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Sonho real.

Hoje eu tive um sonho, eu me encontrava em uma praia… Cuja areia era extremamente macia e branca, algo me dizia que jamais algum pé havia tocado aquelas areias antes. Eu andei, e andei… A água gelada tocava em meus pés de um jeito engraçado. Acabei chegando em algumas pedras, decidi subi-las… Andei muito até chegar em um trilhinha, a trilhinha me levou em uma pequena grande montanha… Repleta de flores amarelas, o sol estava radiando, e o oceano estava mais azul do que nunca, se mesclando com o céu. As ondas batiam forte nas pedras, era o único som presente ali, me encontrei numa harmonia estranha de se explicar com palavras. E eu só conseguia pensar em uma pessoa: você.
Eu entrei na água, eu não sentia meus dedos direito, fazia cócegas, eu me deitei, e ela tapou meus ouvidos me deixando num silêncio perpétuo. Eu abri meus olhos olhando para o céu, e naquele momento eu consegui a acreditar que as nuvens eram mesmo feitas de algodão… E eu só conseguia pensar em uma pessoa: você. Eu andei tanto… Vi corais, vi diversas pequenas vidas que se escondiam do mundo num cenário mágico. Eu então me dediquei a uma procura. Encontrar a cocha perfeita, mas depois de muito tempo desisti, todas eram lindas, todas em si eram perfeitas, e estava procurando por algo que não existia… Uma procura por algo que eu jamais existiria, não existe perfeito. O perfeito está na maneira que você vê as coisas que estão pela sua volta. É assim que eu te vejo, uma perfeição imperfeita, um acerto errado, uma mistura certa de substancias erradas, você é tudo pra mim, você é do exato jeito que devia ser, eu amo tudo que há em você.
Mas sabe, não foi um sonho… Eu ainda estou aqui, estou olhando para o nada, que na verdade é tudo. E eu só consigo pensar em uma pessoa: você.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Ética.

Em uma praia qualquer se encontrava uma menininha, ela andava descalça sentindo a água gelada em seus pés, de repente ela viu um objeto brilhoso no chão e abaixou-se para apanhá-lo. Era uma conchinha... Parecia mais um cristal, brilhava feito uma verdadeira estrelinha do céu. Então a menininha pensou “legal, com esta conchinha minhas amigas vão me elogiar!”. Mas... Dentro da conchinha havia uma vida, viva vivinha. A menininha se assustou e pensou novamente “se eu levo essa concha, se eu mato essa vida, com esse elogio eu vou me alegrar?”. Então soltou um sorriso bobo e deixou a conchinha ir embora junto com as águas do mar.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009


Eu estava ficando cada vez mais encabulada com aquela conversa, era como um pavio que ia queimando aos poucos até que explodisse.
" Ah, será que ele vai indicar mesmo ela?"
"Não sei filho, tem mesmo é que esperar o paredão"
"Mas eles tavam tão amigos! Ele seria muito babaca"
"Mas é um jogo..."
Então, explodiu.
" AH QUER SABER? Nós vivemos num mundo anormal, sádico, doente, sanguinário, onde a regra é a falta de regras, um mundo tenebroso, onde o homem é cada vez mais o lobo do próprio homem. Um mundo de guerras de massacres, alicerçado no ódio na iniquidade e na violência. Acrescente nisto tudo a poluição atmoférica, poluição sonora, poluição moral, a degradação da cultura, falência dos serviços públicos, colapso do trânsito, a morte da urbanidade, da cordialidade, da soliedariedade humana... E existem pessoas que ainda conseguem estar preocupadas com o próximo capítulo do BBB".
"..."
"..."

domingo, 25 de janeiro de 2009

Existe alguma coisa impressionante dentro de cada pessoa no mundo. Algo íntimo, calado, escondido. O tipo de coisa que não se enxerga em meia hora de conversa, que não se percebe em qualquer convivência diária pouco atenta. Há alguma coisa impressionante e tácita a qual talvez, para alguns, seja sempre interior. Não é necessariamente bonita, enfática ou doce: é simplesmente aquela coisa única que faz de você íntegro ou estúpido, agradável ou sujo, alguém de bem ou de mal. Há uma essência, um princípio, uma matriz. Boa ou ruim, surpreendente ou comum, é o que faz de você o que você é e das pessoas que o cercam o que elas são. Existe alguma coisa impressionante dentro de cada pessoa no mundo, inegável. E assim como descobri-la é descobrir-se, vê-la no outro é descobrir alguém.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Esta manhã, eu fui acordada pela minha mãe... Me chamando aos prantos pois estávamos atrasados para ir buscar meu pai no aeroporto. Eu me vesti rapidamente e fui com ela e meu irmão menor. Lá, ainda sonolenta... Ouvi uma conversa de duas velhinhas que falavam sobre algum concerto em que estavam contando os dias para assistir. Não sei qual era, mas isso me fez pensar longe... Eu pensei: “Ora está, mas que audácia! O mais concerto de todos, é o próprio concerto da vida! E este ninguém precisa contar os dias, pois está sendo visto a todo momento”.
Antigamente... A terra podia ser considerada deserta e vazia, mas aos poucos ela mesma se tornou capaz de escutar os próprios sons, como raios e trovões, o mar quebrando nos rochedos, e os vulcões lançando seus rios de lava com tremenda violência. Mas ninguém escutava absolutamente nada. Hoje porem, a terra tem nós, a platéia. Nós presenciamos diariamente, mensalmente, anualmente todos os concertos que a terra nos proporciona. Vênus e Marte não fazem isso, não tem sons e muito menos uma platéia. E toda essa harmonia magnífica sai os sons mais lindos que se difundem pelo espaço. O planeta toca sua própria música. O globo terrestre é um pião, um pião musical, girando sem parar, rodopiando em torno de uma estrela, um sol de fogo na Via Láctea.
As velhinhas embarcaram com suas malinhas cor-de-rosa, e meu pai se aproximava, eu abanei rapidamente e fui para casa para tentar “embarcar” no meu sono novamente.